INOVAÇÃO NA SALA DE AULA
Por Claudia Zgoda;Rúbia Bernardo da
Silva; Sheila Maria Leite da Silva; Silmara Ferreira Zanella;
RU: 1327301, Fevereiro/2016; 1364253, Março/2016;
1357957, Março/2016; 1370998, Março/2016.
Polo – Dois Vizinhos
Data 28/ 08/ 2017
Fonte: Revista DUE. Disponível em: http://www.revistadue.com.br/hand-
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Professoras utilizam
aplicativo handtalk para ensinar aluna surda e incluí-la em sala de aula
regular.
Já
imaginou uma professora recém-formada encarando uma sala
de aula? E ainda com uma aluna especial em sua turma? Então conheça a Ana Luiza
Medeiros, formada em letras, que assumiu a disciplina de português no 6° ano da
escola Estadual Dom Pedro I, na cidade de Flor de Cereja Interior do Paraná. Foi surpreendida pela inclusão de Laura
Rodrigues, uma aluna com deficiência auditiva que até então apenas havia
frequentado escolas especiais. E ao se deparar com as dificuldades de comunicação,
a docente buscou na tecnologia um novo caminho, viu no aplicativo Handtalk, uma
forma de contornar a situação.
Ana
embora com noções básicas de Libras e mesmo com a ajuda de uma professora
auxiliar sentia dificuldade em apresentar os conteúdos a Laura, pois ela não
era alfabetizada em português e assim as atividades ditas comuns não a
abrangiam, a professora não conseguia responder aos seus questionamentos com
eficácia e, além disso, sentia que a interação de Laura com os demais alunos
era muito vaga prejudicando o processo de ensino aprendizagem. “Não me sentia preparada e percebi que a
Laura não se sentia a vontade com a turma, tinha a sensação de que ela estava
apenas cumprindo horário na sala de aula” afirma a docente.
Laura
era alfabetizada em Libras, tinha muito pouco conhecimento da língua portuguesa
e sendo assim não conseguia compreender as pessoas ao redor. Ficava estressada
muito facilmente e constantemente se recusava a fazer as atividades. Sendo inconscientemente
taxada pelos colegas como incapaz e antissocial.“No inicio fiquei em choque,
não sabia como agir e confesso que por alguns dias a tratei como mais um
número, porém logo entendi que essa postura não estava correta e comecei a
buscar formas de inclui-la nas atividades”. Desabafa a professora.
Após
várias tentativas frustradas de construir uma relação harmoniosa da turma com a
aluna especial, devido à rejeição de ambas as partes, a professora regente aproveitou
que a escola tinha alguns tabletes ao seu dispor e com a autorização da
diretora BeatrizRibeiro, baixou o aplicativo Hand Talk com a intenção inicial
de conseguir transmitir melhor os conteúdos a Laura e facilitar o processo de
adequação à turma.O aplicativo foi criado por três jovens alagoanos e traduz
através do interprete virtual Hugo, textos, áudios e até mesmo fotografias,
para a Linguagem Brasileira de Sinais, permitindo também que ouvintes aprendam
a se comunicar em Libras. Com o aplicativo é possível traduzir todo o conteúdo
das aulas para que Laura compreenda ao mesmo tempo em que aprimora suas noções
de Libras. A principal vantagem desse aplicativo Hand Talk é ser gratuito,
muito fácil de utilizar e ainda usar um avatar, o que se torna atraente para as
crianças no processo interação e aprendizagem. Porém ainda existe muito
preconceito na utilização de tecnologias digitais em sala de aula. E outra
desvantagem nem todos possuem acesso à tecnologia, como celular smartphone ou
tablete e muitos professores não estão preparados e possuem dificuldade de se
adaptar as novidades. Mas Ana tirou de
letra qualquer dificuldade, aprendeu a utilizar o aplicativo e apresentou-o
para sua escola.
Ao
inserir o tablete na sala de aula as professoras perceberam que o objeto atraiu
a atenção dos demais alunos, que passaram a se aproximar de Laura demonstrando
interesse pelo objeto. Aproveitando esse interesse pelo tablete e pelo
aplicativo Ana Luiza resolveu fazer um projeto no sentido contrário e em vez de
Laura se adequar a turma foi à turma que se adaptou a ela. Sempre que um dos
alunos se dirigisse a Laura podia utilizar o aplicativo para traduzir o seu texto
ou áudio para Libras.Segundo Ana “no inicio era visível que eles só queriam se
comunicar com a Laura para terem acesso ao tablete, mas aos poucos foram
conhecendo e gostando da colega, construindo uma grande amizade”. Inicialmente
ela via os sinais pelo próprio Hugo (personagem que traduz o português para
Libras), mais tarde as próprias crianças faziam os gestos imitando Hugo e aos
poucos com o incentivo das professoras aprenderam alguns gestos básicos, o que
facilitou muito a comunicação diária da turma. Após quase um ano de convivência,
Laura afirma,com a ajuda das professoras, que “no começo não queria estar na
sala de aula, não entendia nada, mas agora me sinto parte da turma e sei que
posso questionar quando não entender, pois vão me ajudar”.
Mariana
(professora auxiliar) que acompanhou a aluna especial de forma mais próxima durante
o períodoletivo, diz que se sente satisfeita com o resultado, pois desde o
inicio a intenção dela era fazer com que Laura conseguisse se identificar como
parte não só da turma como da sociedade em geral e ao concluir o ano sente que
o trabalho realizado alcançou os objetivos.Agora que a sensação de
pertencimento já foi construída Laura participa ativamente de todas as
atividades, sendo que muitas são realizadas com recursos visuais e com o
auxilio do aplicativo para explicar a finalidade das atividades e a forma de desenvolvê-las.
Outro objetivo que vem sendo alcançado com o aplicativo foi ensinar o português
a Laura, para que de fato seja sua segunda língua. A intenção delas é propiciar
que Laura possa se comunicar, compreendendo e sendo compreendida por qualquer
pessoa, inclusive as que não possuem nem ao menos noções básicas de Libras.
Os
pais de Laura afirmam que desde o inicio do projeto desenvolvido pelas
professoras a menina apresentou uma grande evolução na maneira de se relacionar
com as pessoas de forma geral, apresentando grande curiosidade em saber de que
as pessoas estão falando e buscando expressar a sua opinião também.Laura esta
construindo sua identidade surda, se reconhecendo como tal sem deixar de compreender
que é parte da sociedade em geral, essa é a conclusão dos pais e das
professoras que afirmam que “Laura jamais se submetera aos preconceitos
sociais, pois sabe que pode conseguir tudo o que almejar e não aceitará ser
taxada como incapaz”. Esta história é um bom exemplo de que a tecnologia pode
ser de grande auxilio aos professores no processo educacional. A cada dia temos
novas e melhores tecnologias sendo desenvolvidos, os professores precisam ter
mente aberta para aprender novas técnicas de ensino/aprendizagem, e também
precisam estar em constante aperfeiçoamento, para conseguirem utilizar
adequadamente essas novas possibilidades tecnológicas.
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